O Condomínio do Amor
No condomínio do amor,
nós vamos para a noite catrapiscar fêmeas fatais.
Elas sensuais,
despidas, são demais.
Elas despem a sua
sensualidade para engatar os homens da actualidade.
Roupas, perfumes e
olhares sedutores; em busca da felicidade da carne.
Um copo ou dois para
se libertarem dos pudores e a noite é deles.
Tenho para mim que já
não há amores eternos, daqueles que eu conheço, como a minha mãe e o meu
pai.
A minha mãe à décadas
atrás meteu-se num barco e milhares de Kilometros depois
encontrou-se com o seu amor e fizeram um filho que é um verdadeiro
terror!
Hoje os “amores”
são de bares e redes sociais, a busca da felicidade transforma-se em comentários:
- “Ele é demais!”,
“Desta vez acertei”, “O meu defunto, esse é um filho da puta!”
“Na cama ele é um sonho”…
- “Ela? Grande
foda meu!” “Faz de tudo!” “Não é como a pudica da minha
ex; esta sim!”
Dias, semanas, meses,
ou, às vezes… no somatório do referido atrás, as relações acabam…e
repetem-se as mesmas lenga-lengas:
- “Ele é um
sacana!”, “traiu-me com a Beti!”, “Os homens são sempre
os mesmos! Uns cães!”… Às vezes elas esquecem-se que um tempo atrás
foram a outra…
- “É pá curti
com a Beti!”, “Grande cena meu!”, “Uma loucura!”…
No Condomínio do Amor,
nós encontramos nas redes sociais o afecto para curar a solidão e a depressão,
mas não queremos os sacrifícios dos nossos pais. Queremos o amor rápido, fulgurante,
inebriante, o sonho dos filmes de amor; mas esquecemos que a vida é como as
novelas, um chorrilho de lágrimas, de afectos, de traições, de momentos de
alegria e tristeza, de jantares simples, e passeios junto ao mar, e só no fim
de uma vida poderemos dizer:
- Felizes para sempre!
No Condomínio do Amor,
queremos tudo já! Exigimos tudo! Não sacrificamos nada, e voltamos ao engate
dizendo que será desta!