olha a imensidão do teu mar...
no sábado estava revoltoso...
e vi um homem ser salvo pelos nadadores salvadores...
lembro-me que um dia me disseste ter sido um deles...
ainda te imaginei a correr... como aquelas meninas das marés vivas...
mas só vi os nadadores... :-(
olha a imensidão do teu mar...
nele as ondas parecem mais ferozes...
mais intensas...
olha a imensidão do teu mar...
e ouve o grito das gaivotas...
as palavras dos poetas diluídas pela espuma das marés...
os sonhos que elas levam...
as dores que trazem...
olha o teu mar...
é lindo como tu!
no teu mar a areia não é fina...
nele durante anos, poisei para meditar...
quando o vento de me empurrava mais para sul...
no teu mar meditei...
no teu mar chorei...
no teu mar sonhei...
depois voltei a levantar voo por entre as minhas letras...
e novos textos nasceram...
no teu mar...
lembro-me de um grão de areia que fez amizade comigo na tua praia...
provavelmente, já partilhou contigo a tua toalha...
ele partilhou comigo segredos de vidas passadas...
de alegrias de crianças...
de sonhos de idosos...
de lágrimas de aventureiros antes e depois de descobrirem mundo...
esse grão fez-me companhia um verão...
hoje espera novo peito...
para com deleite, ouvir novos sonhos...
para contar novas histórias...
na tua praia...
no teu mar...
as lágrimas são mais salgadas...
com sal que me aumenta o paladar...
que me faz crescer o apetite...
e a sede de novas palavras...
o sal da vida...
o meu sal...
o sal das minhas palavras...
quem nem em tudo são mal...
pedrinha por pedrinha...
a mulher se faz meu sal...
no teu mar...
na tua areia...
o sal é mais salgado...
na tua praia...
sábado passado...
por entre o vento e o mar revoltoso...
fiz uma cova...
em forma de ventre...
e encolhido dormitei ao sol...
senti-me reconfortado...
da minha luta diária...
para me manter lúcido...
honesto...
integro...
e homem...
por vezes as palavras não são aquilo que eu quero...
mas no teu mar dou-me por mim a querer sonhar mais...
a escrever mais...
despido dos preconceitos dos meus sentimentos...
porque menosprezo o que tenho, se o que tenho é tão pouco?
mas no teu mar sou imenso...